O uso da fluidoterapia na medicina veterinária intensiva

Na maioria dos tratamentos realizados em uma UTI veterinária, a fluidoterapia é uma das maiores aliadas da equipe e dos pacientes. Entenda tudo sobre o uso da fluidoterapia na medicina veterinária intensiva abaixo e quais são seus tipos:

O que é fluidoterapia?

A fluidoterapia em animais é um procedimento parte da terapia de suporte. Por meio dela é feita a administração de fluidos por via oral, intravenosa ou subcutânea, para repor líquidos corporais, como água e nutrientes. É geralmente a primeira alternativa em casos de desidratação.

As etapas da fluidoterapia

Para recorrer à fluidoterapia, a equipe veterinária avalia a causa primária da desidratação, seu tipo e nível de gravidade. São avaliados:

  • O turgor cutâneo;
  • A umidade presente nas mucosas;
  • A posição do globo ocular na órbita;
  • A frequência cardíaca;
  • A característica do pulso periférico;
  • Tempo de preenchimento capilar.

A partir da avaliação destes pontos, a equipe decide pelo melhor fluido a ser utilizado, que é classificado levando-se em consideração o tamanho molecular, a permeabilidade capilar, a osmolaridade e a função pretendida.

Após a avaliação e a definição da melhor fluidoterapia para o animal, discorrem-se as etapas do procedimento, dependendo do seu estado de saúde:

Reanimação

Em casos de emergência, em que o animal sofre de alguma condição que provoca desidratação severa, como casos de choque hipovolêmico, vômito ou diarreia intensa, o socorro deve ser rápido e é necessário que a equipe administre uma grande quantidade de fluido para expandir o espaço intravascular e corrigir o déficit de perfusão, salvando assim a vida do paciente.

Reidratação

Momento de repor a volemia e as perdas dos compartimentos intra e extracelular. 

Manutenção

Utilizada em casos que o paciente encontra-se mais estabilizado, mas ainda não consegue ingerir a quantidade ideal de líquidos para manter o equilíbrio do organismo.

Os diferentes tipos de vias na fluidoterapia

Fluidoterapia oral

O método mais fácil e que geralmente deve ser combinado a outras vias, por ser lento. Ótima alternativa complementar, inclusive para tratamentos que precisam de continuidade em casa e a administração do tutor. 

Fluidoterapia intravenosa 

Um dos métodos mais utilizados, pois permite o rápido aumento de volume e atua diretamente na corrente sanguínea do paciente. Indicada para casos emergenciais e de desidratação grave, porém deve ser administrada com cautela, já que sobrecarga de fluido no sistema circulatório também é prejudicial, podendo causar edema pulmonar e até o óbito.

Fluidoterapia subcutânea

Também bastante utilizada. Neste caso, a agulha é inserida abaixo da pele do animal para absorção do fluido pelo organismo. 

É contraindicado para pacientes hipotensos, hipotérmicos, com desnutrição severa ou comprometimento circulatório. Os fluídos escolhidos para esse tipo de fluidoterapia em pequenos animais também são específicos, não podendo ser hipertônicos ou sem eletrólitos. 

Utilizações da fluidoterapia

A fluidoterapia pode ser utilizada para tratar: 

  • Desidratação: baixa concentração de água e nutrientes no organismo;
  • Acidose metabólica: acidez excessiva no sangue;
  • Alcalose metabólica: acidez baixa no sangue e excesso de base;
  • Hipocalemia: baixo nível de potássio no sangue;
  • Hipercalemia: alto nível de potássio no sangue;
  • Hiponatremia: baixa concentração de sódio no sangue;
  • Hipernatremia: alta concentração de sódio no sangue;
  • Hipocalcemia: baixo nível de cálcio no sangue;
  • Hipercalcemia: alto nível de cálcio no sangue;
  • Quadros renais.

A administração de fluidoterapia

Após todo o processo de avaliação para compreender o nível da desidratação, a via adequada e o tipo de fluído, a equipe médica estabelece o volume a ser administrado, bem como a velocidade ideal. 

Vários conectores de saídas múltiplas permitem a infusão simultânea de fluídos compatíveis a partir de um único cateter. 

Para definir o volume, o clínico deve considerar as etapas citadas anteriormente, de reanimação, reidratação e manutenção. 

O cálculo da reidratação leva em consideração a porcentagem de desidratação e o peso do animal, o de manutenção, as perdas perceptíveis e imperceptíveis, e o de reanimação, as perdas sofridas.

É essencial que a administração da fluidoterapia seja acompanhada atentamente e avaliada durante toda a reposição nutricional.

Assim que a hidratação é restabelecida por meio de água e alimentos, e o animal já consegue se alimentar, a fluidoterapia deve ser interrompida. A indicação é que o volume de fluido seja reduzido em 25% a 50% ao dia, a depender do ritmo de recuperação do paciente.

Líquidos da fluidoterapia e suas propriedades

Os líquidos utilizados na fluidoterapia são classificados de acordo com o tamanho molecular e a permeabilidade capilar, osmolaridade ou tonicidade e função pretendida. 

Os fluidos podem ser colóides ou cristalóides, sendo que os cristalóides são os mais utilizados na fluidoterapia por serem feitos a base de água e pequenas moléculas, que se adaptam a todos os compartimentos corpóreos. Já as soluções colóides têm alto peso molecular, permeabilidade restrita ao plasma e atuam principalmente no compartimento intravascular.

Os fluídos que podem ser administrados para reposição

  • Ringer com lactato de sódio: solução isotônica e cristalóide.
  • Ringer simples: possui propriedades similares ao ringer lactato, mas não contém lactato em sua composição. Contém mais cloreto e mais cálcio em comparação a outras soluções, sendo levemente acidificante; 
  • Solução de NaCl a 0,9% (soro): solução cristalóide, isotônica e acidificada.
  • Solução de glicose a 5% em NaCl a 0,9%: solução cristalóide também conhecida como glicofisiológica.

Tem alguma dúvida sobre a fluidoterapia em animais? Deixe nos comentários!

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